'Abdu'l-Bahá

'Abdu'l-Bahá (que em português significa "Servo de Bahá") era o filho mais velho de Bahá'u'lláh. Com o falecimento de Seu Pai, sucedeu-lhe como interprete das escrituras e líder da comunidade baha’i. É considerado pelos Bahá’ís como o "prefeito exemplo de vida Bahá'í".
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'Abdu'l-Bahá nasceu em Teerão, em 23 de Maio de 1844, naquela mesma noite que o Báb anunciou a Sua Missão a Mulla Husayn. Desde muito novo acompanhou e sofreu junto com o seu Pai as perseguições aos Babís; tinha oito anos quando Bahá'u'lláh foi preso e encarcerado no Siyah-Chal. Meses mais tarde acompanhou o Seu Pai a caminho do exílio para Bagdade. Foi ali que viveu a Sua adolescência e amadureceu. Foi também Ele o primeiro a reconhecer Bahá'u'lláh como o Prometido de todas as religiões.

A partir do exílio em Adrianópolis, 'Abdu'l-Bahá começou a assumir um papel cada vez mais visível junto de Bahá'u'lláh. Muitas vezes lhe eram delegadas responsabilidades, e muitos o viam como o “braço direito” de Bahá'u'lláh. por vezes Ele era um “escudo” para Seu Pai, e não raramente tinha de ser representante dos Bahá’ís perante outras entidades políticas e religiosas. São pouco conhecidos os Seus escritos anteriores ao falecimento de Bahá'u'lláh. Em 1875, escreveu "O Segredo da Civilização Divina"; escrito a pedido de Seu Pai, e durante muito tempo foi atribuído a “um sábio bahá’í”, este livro apresenta uma extraordinária reflexão sobre a influência da religião nos processos civilizacionais, e é um dos livros mais populares entre a literatura bahá’í.



'Abdu'l-Bahá (foto tirada em Adrianóplis)
São vários os episódios deixados pelos Seus contemporâneos onde se percebe a Sua capacidade de liderança, o Seu conhecimento, e prestígio entre os exilados Bahá’is em 'Akká. Após o falecimento de Bahá'u'lláh, em Maio de 1892, assumiu a liderança da comunidade bahá’í, conforme estabelecido no testamento do Seu Pai.

Apesar de continuar a ser um prisioneiro do Império Otomano, com residência fixa na Palestina, 'Abdu'l-Bahá dirige as Suas atenções para a divulgação da religião Bahá’í na Europa e nos Estados Unidos; nos últimos anos do séc. XIX são enviados vários bahá’ís para esses continentes e formam-se os primeiros os primeiros grupos de crentes em Londres , Paris e em várias cidades americanas. Fruto dessa divulgação e do entusiasmo que a mensagem de Bahá'u'lláh despertou, em 1898 um pequeno grupo de peregrinos ocidentais viajou paté à Palestina e visitou 'Abdu'l-Bahá pela primeira vez.

As condições políticas na Palestina eram profundamente instáveis, oscilando entre a tranquilidade relativa e a tensão e ansiedade, fruto de intrigas e boatos lançados por inimigos de 'Abdu'l-Bahá, junto das autoridades locais e do governo Otomano em Constantinopla. Só em 1908, após a revolução dos Jovens Turcos, foi definitivamente libertado e obteve completa liberdade de movimentos. Essa liberdade foi aproveitada para viajar até ao Egipto, à Europa e aos Estados Unidos.



'Abdu'l-Bahá com alguns companheiros em Paris
Essas viagens devem ter sido o momento mais intenso da Sua vida. A idade avançada e o facto de nunca ter falado para grandes audiências não o intimidavam de falar em igrejas, universidades, associações filantrópicas; também foram frequentes os encontros com jornalistas, escritores, políticos, diplomatas e artistas. Dessas visitas ficaram os registos das Suas palestras, as memórias de vários crentes que O conheceram, muitas fotos, pinturas e até um pequeno filme.

Os temas das Suas palestras abordavam essencialmente os princípios da Mensagem de Bahá'u'lláh: a independente pesquisa de verdade, a unidade da raça humana, a unidade de todas as religiões, a condenação de todas as formas de preconceito, a igualdade de direitos entre homens e mulheres, a necessidade de educação escolar obrigatória para todas as crianças, a adopção de uma língua auxiliar internacional, a criação de uma comunidade mundial de nações, o elogio do trabalho como uma forma de serviço, a glorificação da justiça com princípio regedor das relações humanas, a defesa da religião como baluarte na protecção do bem-estar de povos e nações e o estabelecimento da paz universal como objectivo supremo de toda a humanidade.

Pouco depois do Seu regresso à Palestina, rebenta a Primeira Guerra Mundial. Com o Império Otomano aliado das potências continentais, as condições de vida na Palestina agravam-se para toda a população. 'Abdu'l-Bahá, viu a Sua liberdade de movimentos mas isso não O impediu de organizar o armazenamento e distribuição de alimentos para a população mais desfavorecida. No final da Guerra, os britânicos atribuiram-Lhe o título de "Cavaleiro do Império" como reconhecimento pelo Seu apoio à população civil durante os anos de conflito.



'Abdu'l-Bahá, na cerimónia em que foi nomeado Cavaleiro do Império Britânico
Passou os últimos anos da Sua vida na Palestina, recebendo crentes e trocando correspondência com muitos outros. Faleceu em Novembro de 1921; no Seu funeral estiveram presentes milhares de pessoas de todas as religiões. No Seu testamento nomeou sucessores à frente da Comunidade Bahá'í, o Seu neto Shoghi Effendi (geralmente referido como "Guardião") e a Casa Universal de Justiça (um conjunto de 9 pessoas a serem eleitas regularmente a nível internacional).

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Outras leituras sobre 'Abdu'l-Bahá:



  • Munirih Khanum, a Esposa de 'Abdu'l-Bahá
  • Chegada a Nova Iorque
  • O piquenique em Englewood
  • A Baía de Haifa
  • 1898: Os Primeiros Peregrinos Ocidentais
  • 1912: Adeus, America
  • 1918, o ano da ansiedade
  • Uma foto pouco conhecida
  • Cavaleiro do Império Britânico