sábado, 25 de abril de 2015

Os cientistas podem aceitar Deus?

Por Gregory Samsa e Jerry Schoendorf.


Quando os cientistas ficam curiosos sobre os temas da existência de Deus e da espiritualidade, surgem geralmente duas questões: “Há alguma coisa importante que esteja fora do reino material de um cientista?” e “Que interesse pode uma pessoa razoável encontrar na religião?”

Cerca de 90% da população mundial afirma seguir um sistema de crenças religiosas. Então o que é que a religião tem de tão atraente? Algumas pessoas gostam do elemento social, da eucaristia, das visitas aos templos e das ligações com amigos e familiares (vivos e falecidos). Apesar de reconhecerem a importância destas componentes sociais, estas não são matéria sobre a qual a maioria dos cientistas construam um compromisso de fé.

No entanto, a maioria dos cientistas compreende perfeitamente que um dos objectivos básicos da religião é melhorar a conduta humana. As escrituras Bahá'ís declaram:
“O propósito da religião… é estabelecer a unidade e a concórdia entre os povos do mundo; não a torneis uma causa de desavença e conflito.” (Tablets of Baha’u’llah, p. 129)
Esta qualidade, fortemente enfatizada na Fé Bahá’í, inclui um corolário: se a religião não melhora a conduta humana, então a sua ausência é preferível. Na verdade, as grandes religiões defendem que devemos fazer todos os esforços para seguir dois mandamentos básicos (ou ensinamentos espirituais): [1] amar a Deus; [2] tratar os outros como gostaríamos de ser tratados.

Apesar do primeiro mandamento poder ser de difícil aceitação intelectual, a ideia de tentar melhorar-se a si próprio e desenvolver atributos divinos - tais como amor, justiça, misericórdia, paciência e outros - deve ser clara para todos. Conhecemo-la como Regra de Ouro e tem sido uma constante ao longo da história das religiões.

Para os cientistas que confiam na criação de hipóteses testáveis, a Regra de Ouro pode, de facto, ser usada para criar algumas. Por exemplo: as pessoas que seguem a Regra de Ouro serão mais felizes, mais dignas, mais fidedignas, mais tranquilas na vida, mais produtivas da sociedade, etc, do que aquelas que não a seguem? Por outro lado, formular esta hipótese como "as pessoas que realmente seguem a Regra de Ouro” também permite uma resposta adequada a questões como "Não é o Cristianismo responsável pela Inquisição?” ou “Não é o Islão responsável por terrorismo global?"

Independentemente do que afirma ser a sua identidade religiosa, uma pessoa só pode ser contada como seguidora de uma religião, se também seguir a Regra de Ouro. Na verdade, a pergunta acima não precisa ser colocada de forma abstracta. Podemos reformular: não será o cientista mais feliz, a sua vida familiar mais agradável, e assim por diante, se seguir a Regra de Ouro nas suas actividades?

Neste momento, um cientista inteligente vai provavelmente perguntar: "Qual é a relação entre a Regra de Ouro e a religião? Porque é que eu preciso da religião para seguir a Regra de Ouro? Porque é que eu não posso ser uma boa pessoa sem religião? "

Albert Schweitzer
A resposta? A verdadeira religião, quando praticada com a atitude certa, com uma consciência semelhante, com um envolvimento pessoal, produz um efeito que todos os cientistas conseguem entender - o poder da unidade. Ele cria uma comunidade, uma rede de apoio e um círculo fidedigno de crença; e tem um efeito no comportamento das pessoas. Isto, naturalmente, faz com que a prática milenar da Regra de Ouro seja muito mais fácil, mais simples e mais eficaz.

Os Profetas e Manifestantes de Deus, aqueles Seres (ie, Krishna, Abraão, Moisés, Buda, Jesus, Maomé, Bahá'u'lláh, etc.), que representam as muitas virtudes de Deus na terra, são as nossas manifestações mais dramáticas e inspiradoras da Regra de Ouro. Muitos outros exemplos menores da Regra de Ouro (Madre Teresa, Albert Schweitzer, etc.) viveram uma vida de inspiradora e de sacrifício devido à força das suas convicções religiosas. Na verdade, o facto da vida dos Profetas estar em tão perfeita harmonia com a Regra de Ouro é uma das provas espirituais das suas missões. Que os Fundadores das grandes religiões mundiais, tenham afirmado que a sua inspiração e autoridade deriva da sua relação com Deus sugere que uma conduta correcta e reconhecimento de Deus não são coisas independentes.

Por outro lado, enquanto o conteúdo espiritual básico da religião (amar a Deus, seguir a Regra de Ouro) permaneceu e permanecerá inalterada ao longo do tempo, outra coisa que os Profetas fazem é actualizar as leis sociais, para dar resposta às necessidades e exigências de cada época. Na prática, esta actualização das leis não pode prosseguir com êxito sem autoridade adequada, tal como a que deriva do relacionamento do Profeta com Deus. Numa análise histórica conseguimos perceber, tanto o impacto dessas mudanças na legislação social, como a visão única dos Profetas ao fazer essas alterações.

------------------------------------------------------------
Texto original: Can Scientists Accept God? (bahaiteachings.org)

- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

Gregory Samsa é director de estudos de pós-Graduação no Departamento de Bioestatística e Bioinformática na Universidade de Duke (EUA), e entre os seus interesses intelectuais está a desconstrução da prática estatística em componentes que podem ser estudadas cientificamente. Um pai de 5 filhos e treinador de futebol em escolas de ensino secundário.

Jerry Schoendorf é um ilustrador médico reformado e anaplastologista que trabalhou na Universidade de Duke e mais tarde num consultório particular em Durham (Carolina do Norte, EUA). Vive em Chapel Hill, Carolina do Norte, onde se dedica à ilustração, apicultura, e olaria.

1 comentário:

Anónimo disse...

A God That Scientists And Philosophers Can Believe In
----
http://www.huffingtonpost.com/2015/04/25/god-that-could-be-real-nancy-abrams_n_7138202.html?cps=gravity_2677_8157139813757039991