quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Deputado Iraniano acusa todos os Bahá’ís de serem espiões

O Sr. Ahmad Salek

Na passada terça-feira, Ahmad Salek, presidente da Comissão Parlamentar Cultural do Irão, acusou a comunidade Bahá’í do seu país de fazer espionagem a favor para Israel e dos Estados Unidos. "Eu declaro muito explicitamente que o Bahaismo é uma organização de espionagem que recolhe informações para a CIA e para a Mossad, e há documentos abundantes que provam isto", foram palavras suas citadas pela agência de notícias Fars.

A agência Fars, que é uma filial da Guarda Revolucionária, relembra no mesmo artigo um comentário do então procurador-geral do Irão Qorban-Ali Dorri-Najafabadi, em 2009: "Nós [como o Estado] prestamos uma série de serviços para a seita Baha'i no Irão e respeitamo-los como seres humanos, mas não como infiltrados, espiões, ou grupelho político apoiado pela Grã-Bretanha e Israel que visa perturbar o Irão".

Em Outubro passado, o relator especial da ONU sobre os direitos humanos no Irão - Ahmed Shaheed - divulgou um relatório que incluía uma secção sobre a perseguição contra os Bahá’ís, onde se dizia que continuava a "…observar o que parece ser um padrão crescente de violações sistemáticas dos direitos humanos que visam membros da comunidade Bahá’í, que enfrentam detenções arbitrárias, torturas e maus-tratos, acusações por parte das forças de Segurança Nacional por participação activa em actividades religiosas, restrições à prática religiosa, a negação do ensino superior, dificuldades a emprego na administração pública e os abusos dentro das escolas."

Os comentários de Salek provocaram reacções no ciberespaço. O correspondente do Financial Times no Médio Oriente e Norte da África escreveu no twiter: "Ultrajante: #Irão. Parlamentar afirma toda a Fé Bahá’í é um instrumento de espionagem para a CIA e Mossad".

Recorde-se ainda que no início deste mês, o BWNS relatou um caso de esfaqueamento contra uma família Bahá'í em Birjand, no leste do Irão. De acordo com o relatório, as três vítimas - marido, mulher e filha - sobreviveu ao ataque. A Comunidade Internacional Bahá’í considerou o ataque como mais um crime com motivações religiosas, e salientou que uma das vítimas, o sr. Ghodratollah Moodi, é um conhecido dirigente da Comunidade Bahá’í em Birjand.

COMENTÁRIO: Este Sr. Salek afirmou que possui documentos que incriminam os Bahá’ís mas não mostrou nenhum (apesar de muitos Bahá’is serem constantemente vigiados pelas forças de segurança). Nem conseguiu explicar como é que 35 anos após a revolução islâmica é possível existir no Irão uma rede de espionagem com 300.000 pessoas (que curiosamente professam todas a mesma religião). E também não conseguiu explicar como é que americanos e israelitas recrutam os Bahá’ís como espiões, quando é sabido que no Irão os Bahá’ís estão proibidos de trabalhar na administração pública, forças armadas e indústrias consideradas sensíveis.

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Sobre este assunto:
Top Iranian MP: Baha’i are Mossad and CIA spies (JPost)
Senior MP: Iran Holds Documents Proving Baha’is Spying for Mossad, CIA (Fars) 

1 comentário:

Claudio disse...

Até mete dó!
Certos políticos chegam a uma certa idade e só dizem disparates.
É o caso deste senhor.