quinta-feira, 19 de setembro de 2013

30 jovens Bahá'ís impedidos de ingressar em universidades iranianas

Logo após assumir o cargo de Ministro do Ensino Superior do Irão, o sr. Jafar Toufighi afirmou repetidas vezes que, no novo ano lectivo, nenhum estudante seria colocado numa "lista negra" devido a crenças religiosas ou convicções políticas. No entanto, os relatórios publicados no site do Gabinete de Admissões ao Ensino Superior no Irão mostram que o resultado do exame nacional de admissão de 2013 foi “Processo incompleto” para muitos dos candidatos Bahá’ís.

Num pequeno texto publicado no seu site pessoal no passado dia 13 de Setembro, Mohammad Nourizad, conhecido jornalista e crítico do regime iraniano, declarou que “alegar a existência de um Processo incompleto é uma desculpa despropositada” para impedir o acesso de estudantes Bahá'ís ao ensino superior.

Exemplo de uma candidatura com "processo incompleto no site iraniano de candidaturas ao Ensino Superior
Baseando-se em dados oficiais, Nourizad afirmou que existem três dezenas de estudantes Bahá’ís excluídos da admissão à universidade neste ano. E acrescentou: “No que toca ao ensino superior, onde nos deparamos com a frase «Processo incompleto» sabemos - e temos a certeza - que os candidatos em causa são Bahá'ís e que essa frase é uma desculpa sem sentido para os excluir. Se o seu processo está incompleto nunca poderiam ter feito o exame”.

A frase “Processo incompleto” foi usada anteriormente para alguns doutorandos neste ano lectivo, durante as fases preliminares do exame. No entanto, o director do Gabinete de Admissões indicou que a frase “não é, de forma alguma, uma indicação da desqualificação destes estudantes, …[mas]… que estes candidatos não enviaram todos os impressos; após submeter [novamente] e receber a confirmação, podem continuar os seus estudos e não têm que se preocupar.”

Numa entrevista à Mehr News, em 05 de Setembro, o director do Gabinete enfatizou que "aos candidatos que passaram no exame deve ser assegurado que ninguém toma os seus lugares, e que os seus lugares lhes estão reservados. O Gabinete entrou em contacto com eles para lhes pedir que preencham o formulário[*] de qualificações. Eles podem prosseguir os seus estudos após a conclusão do processo."

Embora destas declarações serem optimistas para os estudantes, a frase “Processo incompleto” é um sinal que tudo continua na mesma no que toca à atitude do governo iraniano face à questão dos Bahá’ís no ensino superior. Convém lembrar que o artigo 19º da Constituição da República Islâmica afirma claramente: “Os povos do Irão, independentemente da sua raça e tribo, têm direitos iguais e não serão discriminados com base na sua cor, etnia e linguagem e outras ".

Mas os cidadãos Bahá'ís continuam a ser impedidos de ingressar no ensino superior. E de acordo com a legislação do Conselho Supremo da Revolução Cultural, apenas os seguidores das religiões "divinas" (entenda-se, apenas zoroastrianos, judeus, cristãos e muçulmanos) estão autorizados a prosseguir o ensino superior.

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[*] Este formulário pede aos candidatos, entre outras coisas, que indiquem as suas crenças religiosas. O regime iraniano apenas reconhece quarto religiões: islamismo, judaísmo, cristianismo e zoroastrismo. Quando nestes formulários os candidatos Bahá’ís indicam a sua religião, o governo usa isso como pretexto para os excluir.

TRADUZIDO E ADAPTADO DE: At least 30 Baha’i students taking the University Entrance Exam, faced with the claim of “Incomplete Files” 

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