sexta-feira, 8 de abril de 2005

Há 152 anos: o início do exílio em Bagdade

Em 8 de Abril de 1853, Bahá'u'lláh chegou a Bagdade, na companhia de alguns familiares. Iniciava-se do primeiro exílio. Na altura, a cidade era uma capital provincial do império Otomano, com cerca de 60.000 habitantes. A cidade, cuja construção foi ordenada pelo Califa Al-Mansur, entre 762 e 766 EC, frequentemente designada por Cidade da Paz (Madinatus Salam), já perdera o esplendor de tempos gloriosos. Tinha sido capital de um império que se estendia do Egipto à Índia. Mas os saques dos Mongois (1258 e 1401) e a conquista pelos Otomanos (1534) marcaram definitivamente a sua decadência.

O exílio vivido em Bagdade iniciou-se num tempo em que os babís sentiam profundamente as perseguições vividas na Pérsia e também a ausência de uma liderança clara na sua comunidade. Desde o martírio do Báb, vários crentes tinham reclamado ser "herdeiros espirituais" do fundador da religião Babi; outros anunciavam serem o Prometido anunciado pelo Bab. Este ambiente de agitação e intriga levou a que Bahá'u'lláh se afastasse durante uns tempos de Bagdade e fosse viver como um dervish durante dois anos nas montanhas do Sulaymanieh.


Bagdade, no início do Sec. XIX

Nos anos seguintes anos seguintes os babís foram reagrupando-se em torno de Bahá'u'lláh; muitos viajavam desde as cidades persas para O visitar em Bagdade. A Sua casa tornou-se local de peregrinação para os Babis[1]. Alguns crentes dessa época deixaram interessantes testemunhos sobre o quão importante era para eles visitar pessoalmente Bahá'u'lláh. O texto seguinte é um excerto de uma carta de um tio do Báb que se deslocara propositadamente ao Iraque para falar com Ele. As palavras do autor são bem reveladoras do fascínio que Bahá’u’lláh provocava nos primeiros crentes.

...Alcancei a presença de Sua Honra Bahá - que a paz esteja sobre Ele - e desejava que pudesses ter estado presente! Ele tratou-me com o máximo afecto e cortesia, e atenciosamente pediu-me para ficar durante a noite. É uma verdade absoluta que a privação da Sua magnânime presença é uma penosa perda. Que Deus me conceda o privilégio de alcançar a Sua presença perpetuamente[2]
O exílio em Bagdade é recordado pela revelação de dois livros sobejamente conhecidos nas Escrituras Bahá’ís: As Palavras Ocultas, que contém um conjunto de conselhos e advertências espirituais que ajudam o ser humano na sua caminhada para o Criador; o tom poético e místico das palavras de Bahá’u’lláh fizeram deste livro um dos mais populares entre os crentes. O Livro da Certeza, o segundo livro mais importante das escrituras baha’is e simultaneamente a obra teológica mais relevante das escrituras de Bahá’u’lláh; este livro contém uma descrição detalhada do propósito e natureza da religião, explica as passagens mais misteriosas do Corão, e dos Antigo e o Novo Testamentos, e descreve o papel dos Mensageiros de Deus como intermediários entre Deus e a humanidade.

O exílio em Bagdade duraria 10 anos. Em 1863, as autoridades Otomanas e persas decidiram exilar Bahá’u’lláh em Constantinopla.

-------------------------
NOTAS
[1] – A Casa de Bahá’u’lláh em Bagdade e a Casa do Báb em Shiraz são consideradas nas escrituras baha’is como locais de peregrinação.
[2] - Khánidán-i-Afnan, pag. 42-43, citado em The Revelation of Bahá'u'lláh, vol. I de Adib Taherzadeh

Sem comentários: