segunda-feira, 24 de maio de 2004

Há 185 anos nascia a Rainha Vitória

Em 24 de Maio de 1819, no palácio de Kensington, em Londres, nascia Alexandrina Vitoria. O seu pai, o Duque de Kent, morreu quando ela tinha oito meses. Vitoria cresceu no Palácio de Kensington sob o cuidado de uma governanta alemã e tutores ingleses e do tio, o Príncipe Leopoldo (que viria a ser Rei da Bélgica). Vitória aprendeu francês e alemão; estudou história, geografia e religião; aprendeu piano e cultivou o gosto pela pintura (que manteve até aos seus sessenta anos). Quando o seu tio, rei Guilherme IV, falece em Junho de 1837 sem ter filhos, Vitoria torna-se Rainha. Tinha então 18 anos.

Casou em 1840 com o Príncipe Alberto, de quem teve nove filhos. O casal transmitiu uma imagem de família tranquila e respeitável, que contrastava com os anteriores monarcas. Envolveram-se pessoalmente na educação dos filhos (não deixaram isso apenas a cargo de amas ou tutores). Alberto tornou-se um braço direito da Rainha no que toca aos assuntos de estado; apoiou o desenvolvimento de artes e ciências e foi um grande impulsionador da modernização e fortalecimento do exército britânico; apesar disso, alguns britânicos nunca lhe perdoaram o sotaque alemão.

Após a morte de Alberto em 1861 manteve um luto carregado durante quase 10 anos. Os seus nove filhos foram casando; oito tiveram filhos. Alguns dos seus filhos e netos casaram com membros de casas reais de outros países, nomeadamente Espanha, Rússia, Suécia, Noruega, e Roménia; Devido à sua numerosa descendência, os britânicos ainda gostam de lhe chamar a "Avó da Europa".

O reinado de Vitória seria o mais longo de um monarca britânico e é frequentemente referido como a "era vitoriana". Durante esse tempo o Império fortaleceu-se e desenvolveu-se; Vitória simpatizava com algumas das mudanças e desenvolvimentos a que ia assistindo: o caminho de ferro, a fotografia, a anestesia para parturientes. Mas tinha dúvida relativamente a outras questões: o direito de voto universal, a criação de escolas públicas e acesso de mulheres a todas as profissões (nomeadamente a medicina). Orgulhava-se de ser chefe de estado do mais vasto império multirracial e multi-religioso do mundo; a sua honestidade, patriotismo e devoção à vida familiar tornaram-na o símbolo máximo de uma era.

Os episódios políticos mais marcantes e conhecidos do seu reinado são a Guerra da Crimeia (1853-1856), a guerra dos Boers na África do Sul (1899-1901) e várias rebeliões na Índia. O incidente do Mapa Cor-de-Rosa também se dá durante o reinado de Vitoria. Do ponto de vista social podemos salientar a abolição da escravatura em todo o império britânico (1838), a lei de redução do horário de trabalho (para dez horas) na industria têxtil (1847) e o "Third Reform Act" que concedia o direito de voto a todos os homens trabalhadores (1884).


Ilustração da Grande Exposição Universal de 1851.
Um momento para a Grã-Bretanha mostrar ao mundo o seu poderio industrial e tecnológico.


A Rainha Vitória reinou durante 63 anos e foi chefe de estado de todo o Império Britânico, que incluía, o Canadá, a Austrália, a Índia, e vastos territórios em África. Personificação do Reino, Vitoria sempre pretendeu que o Império fosse considerado como uma poderosa potência económica e militar e um modelo de civilização. Faleceu em 22 de Janeiro de 1901.

A Epistola revelada por Bahá'u'lláh

Entre 1968 e 1870, Bahá'u'lláh revelou uma epístola dirigida à Rainha Vitória. Tal como noutras epístolas dirigidas aos reis e governantes do seu tempo, anuncia-lhe o aparecimento de uma nova revelação divina e faz um juízo sobre os actos da Rainha, enquanto governante. Alguns excertos dessa epístola:

Ó Rainha em Londres! Inclina teu ouvido para a voz de teu Senhor, o Senhor de toda a humanidade, que clama do Loto Divino: Verdadeiramente, nenhum Deus há senão Eu, o Todo-Poderoso, o Omnisciente! Rejeita tudo o que está na terra, e, adorna a cabeça de teu reino com o coroa da lembrança de teu Senhor, o Todo-Glorioso. Ele, em verdade, veio ao mundo na Sua mais grandiosa glória, e tudo o que foi mencionado no Evangelho se cumpriu.
(...)
Põe de lado o teu desejo e volta o teu coração para teu Senhor, o Ancião dos Dias. Fazemos menção de ti por amor a Deus e desejamos que o teu nome seja exaltado pela tua comemoração de Deus, o Criador da terra e do céu. Ele, em verdade, dá testemunho daquilo que digo. Fomos informados de que tu proibiste o tráfico de escravos, tanto de homens como de mulheres. Isso, em verdade, é o que Deus ordenou nesta Revelação maravilhosa. Deus, em verdade, destinou-te uma recompensa por isso.
(...)
Soubemos também que entregaste as rédeas do conselho nas mãos dos representantes do povo. Em verdade, fizeste bem pois assim os alicerces do edifício de tuas actividades serão fortalecidos, e os corações de todos os que se acham abrigados à tua sombra, sejam de alta ou de baixa condição, serão tranquilizados. Compete-lhes, entretanto, ser dignos de confiança entre Seus servos e considerarem-se a si próprios como os representantes de todos os que habitam na terra.
(...)


A tradução completa da epístola em inglês encontra-se aqui. Existe uma espécie de "tradição oral" entre os bahá'ís, segundo a qual a Rainha Vitória teria sido o único governante que teria respondido a Bahá'u'lláh. A resposta teria sido algo do género "Se essa causa provém de Deus, então não necessita da nossa ajuda para triunfar; mas se não provém de Deus, então cairá por si própria". No entanto, não há qualquer confirmação sobre a existência dessa resposta (ver este esclarecimento).
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A biografia da Rainha Vitória que consta da Encyclopedia Britannica encontra-se aqui na Baha'i Library Online.

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